sábado, 19 de novembro de 2011

Entre o Reino Tão Distante e o Reino Encantado


Ansiedade sempre foi a melhor palavra para me definir. Não que eu não seja outras coisas, mas sempre achei que o que mais sou na vida é ansiosa. Isso é péssimo, mas assim sou. No entanto, tudo muda o tempo todo no mundo, já dizia o poeta. E é assim também com essa história.
Era uma vez Eu que adentrava o mundo encantado do IBB (o Benajmin Button mesmo) e, especialmente, era mandada por soldados para um Reino Tão Distante. Lá eu reencontrei um amigo, afinal, amigos são assim: aparecem quando a gente mais precisa. Esse amigo era um ser pequeno, filho de Jorge – o Mestre dos Magos – e me ensinou ( e o fez como todo filósofo o faria) que ansiar faz apenas com que criemos rugas.
O pequeno Mestre dos Magos, filósofo por mais que diga que não, com paciência de Jó, aguentava minhas segundas, terças e quartas-feiras de mau-humor e ansiedade. Me ensinou a arte da espera com filosofias, cantos e histórias entre a moscantina e os passeios no bosque, regados a contos e risos num banquinho em baixo das árvores: a como ficar fora da sala da justiça, a tornar quarta-feira o melhor dia da semana, a entender que a força do universo, a suprema, faz as coisas que achamos que não podemos fazer.
Assim, toda quarta virou santa e a segunda um caminho necessário. Num reino com tantos elfos, pseudofadas e monstros horripilantes, uma segunda e uma terça não podiam fazer tão mal assim...
Meu Mestre dos Magos, tal como em Caverna do Dragão, aparecia quando eu mais precisava e desaparecia da mesma forma, fosse por uma derrela, um repente ou uma sumida estratégica. O fato é que sempre que eu pensava, como num passe de mágica – típico dos reinos encantados –, lá estava ele: serelepe, faceiro, sempre com um rebolation pronto para me tirar um riso, ou uma mão estendida para me apresentar moscas ainda desconhecidas ou cactos que estavam lá o tempo todo, mas meus olhos não viam.
Um dia, no Reino Tão Distante, nem fadas, nem elfos, nem monstros. Uma Bruxa aparece, com direito a sinal na testa e tudo mais. Uma Bruxa e um convite. Quem aceitaria convite de bruxa?!!
Uma fala firme, uma voz rouca... mas eu nunca tive medo de bruxa. Alías, eu acho que sou uma delas. As bruxas fazem parte do imaginário coletivo como seres malvados, perversos que querem nos engolir. No meu imaginário as bruxas têm outra representação. Talvez por conta das leituras incessantes de “A bruxinha que era boa”, ou talvez por, como já disse, eu ser uma delas.
As bruxas são mulheres fortes, sem a beleza angelical das fadinhas. Eu sempre duvido da totalidade angelical dos seres, sobretudo no Reino Encantado e no Reino Tão Distante. A força pode combinar com a leveza e a doçura, mas anjos só existem anonimamente como nossos protetores, dependem, então, da fé para existirem. As fadas estão fadadas a monotonia da mesmice e da vida nos Reinos encantados longíquos. Sempre preferi bruxas às fadas, sobretudo as pseudofadas como as do Reino Tão Distante.
Eu esperava por um outro Reino. Não sabia se era melhor ou pior, queria viver emoções diferentes ao menos, e na esperança de todos os dias virarem santos e não apenas às quartas, aceitei a maçã nada envenenada da Bruxinha que, em forma de convite, me levava para o desconhecido.
E agora?! Teria que deixar meu Mestre dos Magos entregue aos elfos, monstros e pseudofadas. Logo ele que esteve comigo todas as segundas, terças e quartas pacientemente me ensinando a controlar a ansiedade? Mas, ele – o Mestre – tinha razão...nós não sabemos o que o universo nos reserva. Ele dizia que as pessoas guerreiras sempre conseguiam chegar lá, mesmo que não soubessem onde é esse lá.
Mas, como podia eu ser guerreira, se muitas vezes ele era meu escudo e minha espada? Como lutar sem armas? Como ele lutaria ainda com sabedoria se eu e meu mau humor estaríamos em um Reino Encantado próximo do mar? Eu havia aprendido a servir de escudo e espada também...
Um Reino Tão Distante ficava para trás e um Reino Encantado que tinha um Rei de verdade me esperava. Um Reino perto do mar. O mar aproxima os povos, os amigos e inimigos, por isso as muralhas dos Reinos litorâneos precisam ser fortes. A minha bruxa me levava para esse Reino e sua muralha parecia me proteger. Eu gostava disso...
E não é que agora além de um Mestre dos Magos (que óbvio aparece mutias vezes para mim, assim como aquele de Caverna do Dragão) eu tinha uma Bruxa de verdade?
A Bruxa sabe das coisas, vê as coisas, conhece as pessoas e protege gente ansiosa como eu. A Bruxinha continuava os ensinamentos do mágico: controlar a ansiedade, ter paciência, a não se encantar com os risinhos das fadas e a saber ficar de fora da sala da justiça.
Será que a Bruxinha e o Mestre se conhecem? Será que foram colocados no meu caminho para aprender a conviver com Reis e monstros com a mesma sabedoria que eles o fazem?
Não sei...o que eu sei é que graças ao Mestre dos Magos e a Bruxinha eu sou menos ansiosa hoje e vi que as coisas acontecem quando têm que acontecer.
Mesmo que elfos, fadas e monstros não queiram, quando o Universo conspira não tem jeito, a gente começa a chegar lá.
E o final feliz...esse demora!


2 comentários:

Marcos Cajaíba disse...

O Mestre dos Magos, cada vez menos sábio, cada vez menos mestre vive, ainda no Reino Tão Distante... As pseudofadas e os elfos estão, cada vez mais humanos e sem magia... Ainda existem as segundas e as quartas; as moscas e os bosques, os bancos e os cactos.. o Mestre está cansado. ÀS vezes triste, porém, sempre confiante; talvez, mais maduro: ora, um tapete puxado aqui, ora, um outro voador que o leva para comer pão de queijo ou dançar frevo. A vida segue e ele não faz tão mais parte do Reino. Conseguiu sair do imaginário que criaram para ele. Admira, contudo, a Bruxinha, guerreira e dandada que, agora com um toque de pimenta, trilha os caminhos do mar. Porém, ele sabe da fidelidade que os une; ele sabe dos verdadeiros valores que jamais sucumbirão à vontade de Reis. Sonha com vidas novas, mas faz dos dias, que querem ser velhos, sempre novos, tal como a gota de orvalho sobre os espinhos do mandacaru. Vive com a alegria do amanhecer e das madrugadas. Acredita sempre no acreditar. Adora o impossível e crê que a vida é, de fato, mágica... Está profundamente emocionado pelas palavras descritas pela bruxinha e, extremamente, comovido, sensível, "corado", agradecido e não tinha a noção de ser tudo o que foi dito... Ele, o Mestre, diante de tudo o que vê e prevê, sente-se, cada vez mais, aprendiz. Aprendiz de bruxinhas. Aprendiz de babuínas e da simplicidade onde reside o verdadeiro portal para aquilo no qual acredita piamente: a liberdade! Vida longa à bruxinha... Maçãs vermelhas e coloridas recheadas de sonhos e de vida! O Mestre, por enquanto, está aqui... Porém, como ele sempre some e aparece, não sabe até quando...

Camila Santana disse...

rsrsrs, tiii fofo. love you!!!!
mas errou a bruxinhaaa rs.