quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Que Rei é ele? A novela que não tem objetivo de chegar ao final.

Capítulo 1

"Ispia"!

Lisarbo é um reino localizado nos trópicos de Traeh, um planeta isolado numa galáxia qualquer.

Lisarbo é um reino diferente. Recentemente, menos de três séculos, seus reis começaram a ser escolhidos por sua comunidade, com algumas regras que contaremos ao longo dessa novela esquisita.

Eis que estamos em 1028 e é ano de escolher o próximo Rei. Mas para contar sobre essa escolha, é preciso falar de Raij.

Raij é um antigo membro do Conselho Real, conhecido por dormir em suas sessões plenárias. Sim, esse é o feito mais importante registrado nos livros de Lisarbo sobre Raij. E Raij encasquetou que queria ser Rei.

Observe a confusão. O pretenso Rei não conhecia nada efetivamente dos meandros do Reinado. Ganhou popularidade porque perdia seu precioso tempo espalhando fofocas pelas vielas do reino.

Era tanto disse-me-disse, que a gente não sabe de onde vem, que o Reino de Lisarbo confirmou aquela máxima de que uma mentira contada e repetida muitas vezes torna-se verdade.

Pois então, foi assim que Raij começou a ficar conhecido. Ele espalhava uma fofoca contra os outros membros da corte e até contra a família real. Era profissional. Criava uma prova aqui, outra ali, e como havia um grande descontentamento no reino por conta de um bolodório ainda maior, Raij foi ganhando visibilidade e autoridade por, do outro lado, se opor a toda fofoca que surgia como verdade. Sabe criança quando tá jogando bola sozinha que chuta e corre para defender? Ele fazia mais ou menos isso.

Obviamente que Riaj não estava só. Essa estratégia era apenas uma das ações de um plano infalível que não saiu das páginas de Maurício de Souza. Pelo contrário!

Chegou um momento que ninguém mais lembrava que Raij era o soneca do Conselho. Ele, que era um esquecido, insignificante, que nunca havia somado nada para aquele reino nos seus muitos anos de participação no Conselho Real, surgia nas vielas, becos e ruelas entre o palácio e a feira livre como um igual e possível salvador de sua gente que não se sentia representada pelo Rei e seus antecessores.

Para aquela gente, pouco interessavam as credenciais de Raij, ou saber se havia realizado feitos de glória por aquele reino tão tão distante. O que Interessava era que ele parecia porta-voz das suas dores e informações. Sabe aquelas coisas que as pessoas não têm muita coragem de falar nem para o espelho que dirá em praça pública? Então, Raij tinha.

Ele começou dizendo que estava falando e repetindo o que ouvia dos becos, ruas, vielas. Que dava voz a plebe e até aos burgueses daquela localidade.

Tudo quanto era despalterio, absurdo, tava lá sendo proferido por Raij. E o povo encontrou então um megafone que falava seus sentimentos mais escondidos, aquelas mentiras que desejavam ser verdades.

Raij plantou e tava colhendo. Mas seus, a essa altura, seguidores tinham certeza que ele estava apenas representando-os e sim, era o Salvador!

Raij então ganhava popularidade e reputação.

Continua no próximo capítulo (ou não).