"Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei", já dizia Hebert Vianna lá na década de 90. Nessa época Paralamas era minha dose diária de serotonina. Colecionava todos os DVDs e ficava impressionada como eles e a Legião Urbana falavam daquele lugar, que para mim era descondecidamente curioso, com uma propriedade e um distanciamento. Coisas da minha cabeça paradoxal.
Pois bem, já no outro século, vou pela primeira vez à capital do País e me impressiono com a capacidade humano de construir e planejar uma história, um lugar. E, então, concordo com Vianna de que Brasília é uma ilha e falo porque, também sei. Mas, discordo do boiadeiro na rodoviária de Faroeste Caboclo que dizia que "neste país lugar melhor não há" e fez João de Santo Cristo trocar Salvador pela cidade de quadras e o fim, todos sabem. Mas, Brasília tem seus encantos, suas descobertas e suas peculiaridades como toda grande cidade, ainda que essa seja uma cidade inventada. Mas qual não é?
Contudo, esse post não é sobre Brasília, mas sobre uma das minhas voltas à cidade mais recentemente. Aliás, não é sobre isso (até porque já tenho o título do POST!), mas sobre as instituições de ensino e as ilhas que dentro da grande ilha Brasília as coordenam.
Volto de Brasília depois de alguns dias de trabalho na Mãe Capes, como diz Lynn alves. Sim, a Mãe Capes existe e aparentemente não é má. Se apresentou como uma mãe boazinha, carinhosa e amante do diálogo. Gostei da Mãe Capes que conheci. Fato que gostei ainda mais do Bar Devassa no Pontão Sul, mas isso é assunto para outro post.
A Mãe Capes promoveu o encontro para os coordenadores do Prodocência, um programa da mesma para a Consolidação das Licenciaturas nas Instituições de Ensino Superior. Eis o motivo de eu estar lá. Contudo, esse post nasce dai, mas não por ai. A questão não é o programa, muito menos o encontro, ambos de grande valor, mas o papel das Instituições de Ensino Superior do país. E isso nasceu das falas lá na Capes, modificadas, mas nem tanto, depois da primeira intervenção na plenária feita pela minha pessoa a favor da fatia dos Institutos Federais nesse bolo.
O fato é que durante toda história recente as Universidades foram as únicas responsáveis pela oferta de cursos superiores (de forma generalista podemos adicionar ao bolo das universidades às Faculdades e Institutos de Educação Superior). As Universidades assim foram, e ainda são, as detentoras e produtoras de saber científico e ponto! Sou filha delas. Sei de como são boas e duras mães. E até hoje assim é. Todos os louros, glórias, lamentos e problemas atribuídos apenas a elas: Senhoras Universidades!
Contudo, isso começa a mudar com a Lei 11.892 de 29 de dezembro de 2008. A 11.892/2008 estabelece a criação dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia e atribui uma árdua tarefa aos IFs: ofertar educação profissional e tecnológica nos níveis básico, superior e pós-graduação. PUTZ! Que dever difícil esse. Mas, vamos lá. Nesse novo contexto, a Lei determina que 20% dos cursos ofertados devem ser LICENCIATURAS, ou seja, foco na formação docente para educação básica, carente de professores, sobretudo da área das ciências da natureza.
Os Institutos nascem no maior estilo Benjamin Button, pois embora bebês, como todo mundo não cansa de denominar, têm uma história longa que vem desde as Escolas de Aprendizes e Artífices criadas por Nilo Peçanha no começo do século passado. Ou seja, os Institutos embora recém-nascidos já tinha uma história, uma identidade constituída e a ser reconstruída e uas vocações identificadas, mas a lei determinava que os IFs ampliassem sua arena de atuação. Vamos nós, então, instituir o foco da formação docente no contexto das antigas Escolas Agrotécnicas (no meu caso, visto que sou do IF Baiano).
E começamos a fazer tudo que antes só as Universidades faziam. Vamos fazendo tudo e mais um pouco. Pensando, criando, modificando, errando e acertando e em apenas dois anos e alguns meses já fizemos muito, acredito. Só no meu Instituto originário das Agrotécnicas e, portanto, com uma vocação agrária bem forte, já temos 5 licenciaturas, cursost tecnológicos e Bacharelados, uma Pós-Graduação Institucional e outras em parceria. Sme falar no vasto leque dos cursos profissionalizantes de nível médio e subsequente.
Bom, então, porque os Institutos ainda permanecem na sombra das Universidades? Penso que não é o caso de colocarmos hierárquias, muito menos minimizarmos a importância das Universidades no contexto do país e da Educação. Mas, "peraí", JÁ temos mais de dois anos. Existimos, pô!!
Então, precisamos ser citados, conhecidos, reconhecidos, pois também queremos uma fatia do bolo e não de forma anônima ou fake, mas assinando nosso nome.
Não, CAPES. Não, MEC. As Licenciaturas são responsabilidades das INSTITUIÇÕES DE ENSINO ( e ai tem um leque enorme) e não das UNIVERSIDADES apenas, como se repete corriqueiramente. Não é apenas uma questão semântica ou de oralidade, mas de existência, de identidade.
Existimos e queremos ser reconhecidos como tal! Instituição de Ensino que trabalha no tripé ensino-pesquisa-extensão na dimensão da verticalização nos três níveis de ensino: Básico, Superior e Pós-Graduação. E no bojo da educação estão lá as Licenciaturas. Elas consideradas pela comunidade Acadêmica e Científica o "Patinho Feio" dos Curos Superiores, mas sem as quais não haveriam professores e, sem eles, essa história toda nem teria começado.
A noss tarefa é árdua, mas os Cristãos dizem que Deus não dá um fardo maior do que um filho pode suportar. Então, acreditando na premissa Cristã, penso que temos vontade, coragem e força de fazer e queremos ser reconhecidos por isso, imagine se não queremos ser mencionados?
Começar a mudar apenas o discurso, os termos, a fala já é um caminho!
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