O tempo é uma coisa esquisita, escorregadia e deliciosamente traiçoeira. Isso tudo porque ele passa e passa nos fazendo acreditar que ele não irá passar tão depressa. Engano, passa. Certeza, é uma delícia.
Cazuza já dizia que ele, o tempo, não para. Meu pai, que pouco tem de poeta, mas tem muito de filósofo, não cansou de me dizer que além de não parar, o tempo não espera. Não espera na esquina, na próxima rua, no parque mais próximo. Ele simplesmente corre rápido. Quantas vezes meu pai tentou me ensinar a aproveitar o que o tempo tinha de bom e o quão interessante era viver as coisas ao seu tempo? Uma contradição...Mas o que é a vida senão um punhado de contradições?
O tempo vai levando nossas vivências, nossas escolhas e, muitas vezes, não vivemos direito tudo que queremos com medo de que ele ande rápido demais. Outras vezes, não vivemos e, por vezes, vivemos demasiadamente de forma intensa. E ele sempre anda, ele sempre passa, deixando e apagando memórias.
O interessante é o que o tempo e sua rapidez fazem da memória um elemento gostoso para dimensioná-lo. Como é gostoso relembra, reviver, "retemporar".
Retemporar é voltar no tempo e sentir os gostos, os cheiros, as vontades, as dores, ainda que em lembrança, em memória. Retemporar é uma invenção minha para tentar segurar um pouquinho o tempo, pedir para ele me esperar. É desacelerar.
"Tempo, tempo, tempo, mano velho...seja legal, conto contigo".
Um comentário:
Lindo, Camis! Amo ler seus escritos inspiradores. Bjosss
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