terça-feira, 29 de março de 2011

SOCORRO!

Segunda-Feira, dia 28 de março de 2011, meu filho, Mateus Lima Santana Freitas de 11 anos foi agredido durante a aula de Educação Física por seis colegas da mesma turma e mesma faixa etária na escola onde estuda - Fundação Baiana de Engenharia no Imbuí.
Era início da aula de Educação Física e o professor ainda não havia chegado à quadra. Ou seja, os alunos do 6º ano B, estavam sozinhos.
Meu filho brincava na trave de futebol quando ficou preso na rede. Imediatamente um colega, que por ser menor não é possível divulgar o nome, se dirigiu à ele dizendo: “É mole, é mole. Ficou preso!” E começou a agredi-lo. Outros cinco colegas que presenciaram o ocorrido, no lugar de se posicionar contrários à situação, juntaram-se ao primeiro agressor e deram socos, pontapés, chutes em Mateus, que permanecia preso à rede da trave sem conseguir se defender ou soltar-se.
Não estavam eles na rua, na periferia, na escola pública, no meio de uma briga, nem em qualquer outro espaço que muitas pessoas usam para justificar a violência e a insegurança. Meu filho era linchado pelos colegas de turma em pleno horário de aula dentro de uma escola particular de bairro de classe média. Isso não minimiza nem amplia o fato. É agressão do mesmo modo.
Após o espancamento, os agressores, subiram num palco e em voz alta o chamavam de “otário que não bate em ninguém”.
Ao consegui soltar-se, ele chorando, com raiva, parte correndo para cima dos agressores, alcança dois deles, quando o professor de Educação Física chega e o surpreende ‘agredindo o colega’. Vão os três para direção. Os outros, responsáveis também pelo linchamento permanecem na aula.
Ele conta o ocorrido à coordenação e os dois dos colegas que o agrediram confirmam a versão dos fatos. E a escola? Nada. Nem uma comunicação à família, nem um primeiro atendimento já que Mateus havia levado muita pancada. Minimizou. Era uma “brincadeira de pré-adolescentes”.
Sou informado do ocorrido pelo próprio Mateus que reclama de dores no corpo e de cabeça. Resolvo levá-lo ao hospital, visto que, aquilo que não está aparentemente visível pode se configurar em algo bem grave internamente, muitas vezes.
Chegando á emergência ortopédica da SOMED, após alguns exames locais e radiografias, o médio identifica que há escoriações na cervical e prescreve antiinflamatório e o colar cervical imobilizador. Uso contínuo por cinco dias. E tudo era só uma brincadeira...
Procuro a escola cheia de indignação, questionamento e ódio. Sim, seria hipócrita se não dissesse que meu sentimento era de dor junto com meu filho e ódio dos agressores, dos seus pais e da escola. Sim, pois a violência não é um fenômeno simples, mas complexo. É composta de muitas variáveis, mas se fortalece às vezes, apenas por algumas. Mas, mais que ódio eu queria ação e respostas:
  1. Por que uma turma de garotos de 11 anos fica por um tempo sem nenhum adulto por perto acompanhando?
  2. Por que eu, responsável pelo garoto agredido, não fui informada, notificada pela escola do fato e convidada a ir à escola para uma conversa sobre o fato?
  3. Mesmo após a confusão, com sangue quente e sem ter reclamado de dores, por que a escola não deu os primeiros socorros ao meu filho? Ou mesmo, ligou imediatamente ao responsável, anunciando o fato e solicitando encaminhamento médico?
  4. Por que os pais dos agressores, assim como eu, não estavam lá no dia seguinte ao ocorrido para serem notificados, chamados à atenção e serem informados das medidas corretivas ou punitivas, como queiram chamar?
  5. Por que não houve nenhum tipo de punição para os alunos num caso de agressão gratuita e tão covarde?
  6. Qual ação preventiva a escola pode tomar para que situações semelhantes não aconteçam?
  7. Como os responsáveis dos agressores agem e reagem em situações como essas?

São muitas as questões e as indignações. A escola garantiu que os pais seriam chamados e que haveria uma conversa. É pouco. Muito pouco!
Foram só escoriações. Falo só, pois poderia ser pior: um chute nos olhos que afetasse a visão, uma pancada maior que implicasse em comprometimento da coluna ou vértebra que perfurasse um órgão, ou fatal, se a cabeça tivesse sofrido algum tipo de trauma. Não era só brincadeira. Aliás, não era brincadeira. Brincadeira de bater pode ser feita no videogame, onde é possível realizar catarse das emoções contidas sem machucar ninguém. Essas crianças precisam ser punidas, não com agressão de nenhuma ordem, mas por meio de ações educativas e orientações dos pais.
Após a minha visita, a coordenadora dirigiu-se à turma para falar da violência. Nenhum pedido de desculpas. Aliás, um dos agressores, vangloriava-se nos corredores de ter batido tão forte que Mateus estava com o pescoço machucado (não sabendo ele que era a cervical).
Minimizar os fatos, tratar todos de forma banal e normal são males da Educação. Não sei se foi esse o caso. Afinal, espero ainda ações da escola. Nossas   instituições de ensino estão cheias de violência em todas as esferas. Não há escala para violência, em minha opinião. Agressão é agressão e tem que ser punida como tal.
Garotos que se juntam para agredir um colega, um companheiro de turma e sentem prazer com isso, não são diferentes dos que agrediram mendigo em São Paulo ou tocaram fogo no índio em Brasília. São apenas, ainda, garotos e covardes.

15 comentários:

Deyse Peixinho disse...

Força Amiga, infelizmente seu filho tornou-se mais uma de inúmeras vítimas da violência, violência que n tem hora nem lugar para acontecer, parece que o respeito para com a vida do próximo está esgotado.
Fica com Deus, viu.

Gestão - dores e amores disse...

Não desista! Cobre providências da escola. Ela precisa tomar uma atitude. Ou vai por solicitação sua ou via Ministério Público.

Unknown disse...

Olha é necessario abrir um processo contra a escola , isto é um espaço que se intutula ter "função social".

DAN SAAS disse...

Minha solidariedade...
Sinto-me á vontade para divulgar nas minhas redes sociais, penso que desta forma, com mais gente sabendo do caso, além de informação, pode haver outras manifestações para evitar situações semelhantemente tristes/lamentáveis!

ACumplice disse...

Camila,
Eu daria uma queixa na delegacia do menor infrator. Quanto à escola, que pelo visto não cumpre sua função educativa, o melhor é você eliminar ela da vida do seu filho... peça transferência... troque ele de escola, por uma que seja responsável. Por que não processá-la por omissão de socorro na própria delegacia do bairro ? Sei lá... busque um advogado que possa te orientar.
E não se esqueça de dar queixa dos colegas na delegacia do menor infrator... Pior do que a ação dos criminosos é o silêncio dos bons.

Anônimo disse...

Professora Camila,
Sou solidário com a sua revolta, raiva, odio e espanto diante deste fatos que nem podem ser adjetivados. Acredito que a Sra deveria entar com uma ação no Juizado , ministerio publico ou sei lá qual orgão que pudesse tomar providencias contra o desrespeito e a omissão da Direção e corpo docente da Escola, retirar seu filho deste lugar e divulgar ( como vem fazendo) para que outros pais tamb´me retiresses seus filhos de local onde eles não tyem segurança, proteção, carinho, atenção e ainda cobram muito caro.
Lamento mesmo o ocorrido, mas a responsabilidade al´me da escola e dos outros pais é nossa tambem, afinal deixamos que nossos filhos brincarem nos games "Brincadeira de bater pode ser feita no videogame, onde é possível realizar catarse de emoções contidas sem machucar ninguém" discordo disso, os games estimulam a violencia e sensação de impunidade. Como nos programas diarios de jornalismo snsacionalistas que estimulam a violencia, exibem as impunudaes, constrem herois bandidos.. e nos permitimos esta situação aligar a tv e deixarmos nos entreter pelo sangue...Quando temos as condições de televisão fechada, pior os desenhos e filmes não são mais educativos ou deformadores que os programas jornalisticos, novelas, fimes... seriados.
Eses meninos não são iguias aos de Brasilia, são crianças acostumadas a não ter limites, e tanto faz ser classe media , alta ou baixa, os limites deixarma de existir. Nos condominios os vizinhos não respietam os outros, os carros com sons altissimos e nós observando, impassiveis diante dos fatos. Quando um joven nos agride com palavras ou gestos, não se pode chamar a atençõa pois os pais são os primeiros a defenderem os jovens mal educados. Somos nós os responsaveis, não damos limites e não aceiotamos limites, execto quando nos atingem fisica ou moralmente, ai buscamos apelos;

Vamos entrar com uma ação e fechar a escola? vamos tentar valorizar o ensino publico exigindo qualidade e segurança para que nossos filhos e filhas tenham direito a educação de qualidade e gratuita como está na Constituição? Vamos melhorar a educação que damos os nossos e nos melhorarmos também?

Solidário à sua revolta.

Revolte-se

Charles Fonseca disse...

Postei seu texto no meu blog com o devido crédito.
Charles Fonseca
Florianópolis
www.charlesfonseca.blogspot.com

Dulce Almeida disse...

Meus sentimentos, querida. Acessei sua mensagem no Blog de Charles Fonseca, que fez o comentário acima. Os professores hoje, além da responsabilidade de facilitadores da aprendizagem, têm a obrigação de manter a disciplina, sem o suporte da administração da escola, como antigamente. No passado, cada corredor de escola tinha o seu inspetor de alunos, e nos tempos idos, cada sala de aula tinha o seu próprio inspetor. Hoje os professores apanham dos alunos, porque eles sabem que não vai haver consequência nenhuma. Conte conosco para fazermos um mutirão contra a violência nas escolas. Hoje eu sou aposentada. Mas os professores em exercício IMPLORAM por isso.

Camila Santana disse...

Obrigada pelo apoio Dulce e Charles!
Não vou me silenciar jamais e a Escola va precisar responder pela omissão e negligência.
Um abraço

Miriam Cavalcante disse...

Camila...
Estou indignada...!
Cheguei até seu blog através de um email que uma amiga mandou relatando o que aconteceu ao seu filho. Não sei o que me chocou mais: crianças de 11 anos se comportando como se vivessem no tempo das cavernas, sem nenhum padrão de moral e convivência em grupo ou os professores e responsáveis fingindo que nada aconteceu e não discutindo o assunto.
Não consigo imaginar o tamanho da sua dor nem na dor do seu filho. Como é voltar para um lugar desse depois do ocorrido? Na verdade como voltar?
Sinto-me solidária com vc e realmente indignada

Alexandra caribé disse...

Camila, denuncie a escola no Ministério Público ou Misnistério da Educação, comunique à imprensa e na rádio Metrópole que é um veículo de comunicação que atinge as massas e uma rápida resposta dos ouvintes. Peço sua permissão para divulgar este relato via e-mail a todos os meus contatos do Brasil e fora dele, da Bahia e outros estados. Meu filho tem quase a idade do seu e se fosse com ele eu iria entrar sala a dentro e rodar a baiana dentro da sala de aula para os colegas deles saberem quem sou eu, as coisas só funcionam assim, se vc não der escândalo e ficar com polimento e educação, ninguém resolve nada. meu e-mai alexandravet2004@yahoo.com.br
Muita paz

Edilene Vianna disse...

Camila, fico indignada quando vejo esse tipo de ação. Denuncie sim, e não deixe os "colegas" de fora da denúncia não, eles precisam ser punidos.

Anônimo disse...

Sempre assim ... a escola que tem que dar um jeito, a escola tem que correr atrás, a escola!
Essa semana eu ouvi uma pessoa dizer que a escola não pode ensinar ética se as crianças de hoje não tem educação!
6º ano... 11, 12 anos ... já sabem mto bem o que estão fazendo! Tenho CERTEZA de que essas "crianças" tem celulares, a chave de casa, andam sozinhos na rua, brincam sozinhos no play ... pq na escola tem que ficar sendo monitorado 24hs???
O caminho para resolver o problema não é com a escola, mas sim com a família dessas crianças (inclusive da sua, Camila, que anda jogando videogame violento por catarse?!!!).
Vai adiantar em que fechar a escola? Isso vai ensinar aos meninos que não se deve agredir os colegas? Vai mostrar-lhes que não é com violência que se resolve a violência!?! Vai auxiliar na construção de seres humanos melhores e mais voltados pra paz na sociedade??
É essa transposição de valores que me assusta e me faz ter CERTEZA de que a educação do Brasil vai mal por falta de uma família que assuma o seu papel!!!!

Unknown disse...

Camila vc deveria ir a polícia,processe esta escola,não deixe isso barato veja quais são os direitos do seu filho não por dinheiro sim para evitar que outros
"Mateus" passe por isso vc já deu seu grito vá em frente não deixe que só a sua indignação e dor de mãe fale, infelizmente temos que fazer certos estabelecimentos pagar e para eles nada pior do que mexer no lado financeiro.
Bjossss

Eliane disse...

Camila ...Parabéns pela calma, eu teria arrebentado tudo ! rs Pense no que vou te dizer : Eu sou coordenadora pedagógica na rede municipal de são paulo e algumas questões eu posso responder: 1- Hoje o professor não pode ir ao banheiro, porque o caos se instala na sala de aula, mesmo que tenha algum adulto por perto.2- você não foi convidada a ir a escola porque simplesmente não deram a devida importância ao ocorrido. 3-idem acima 4-Se eu te contar que a maioria dos pais NÃO COMPARECEM, o que não justifica de modo algum...Quando comparecem é outro caso sério : os filhos somente revidaram, são os santinhos da estória...Eu ouvi de uma mãe : EU NÃO POSSO COM ELE MAIS...a criança tinha CINCO anos !!!Dá trabalho e está na cara que a escola preferiu o "deixa-pra-lá-" . 5- Sabe porque infelizmente não SERÃO punidos ? Porque tem uma mer....de lei chamada ECA, eca mesmo...que não permite ao professor sequer colocar o "anjo" sentadinho no canto da sala.É constrangedor !6 - Eu sou sonhadora, então não vou me alongar dizendo sobre os meus planos preventivos para termos um planeta melhor com pessoas melhores.Saiba que existem meios. 7 Sabe como os pais reagem : - Não pode ser, - ele foi provocado, - tem problemas psicológicos, - sou separada e meu filho ressente por isso, - NÃO POSSO MAIS COM ELE ...
Desculpe o "comentarião" rs , mas estou com você mesmo nunca tendo te visto . Entre com todas as ações que puder ! Não desista nunca . Abraços carinhosos ...Eliane